quinta-feira, 8 de maio de 2014

O post polêmico

Então vamos lá para a parte complicada da história: por que eu desisti de continuar a ser au pair? Isso também responde porque a demora enorme pra chegar esse post, tive a mudança e adapção no novo lugar.

Desde o começo eu sabia que ficaria com a minha família por cerca de 3 meses, porque eles iriam se mudar para os Estados Unidos em fevereiro. Mas como eu senti uma "boa vibração" dessa família, decidi ir mesmo assim e depois iria para outra família (que a agência disse ser possível). Bom, esse era o plano... Mas a verdade é que eu não curti ser au pair, e sei que muitas meninas que foram/são irão discordar comigo, mas pra mim não deu certo. Li alguns blogs de outras au pairs e sempre via elas falando de como amavam a família, como iriam sentir falta das crianças, como adoravam a experiência. E os casos que não deram certo era porque a família não era legal, tratava mal, enfim... Então pensei: se a família for legal não terei problemas, certo?


Não é tão simples, e varia muito da situação de cada menina no Brasil. Eu por exemplo não morava mais com meus pais fazia 5 anos, morei com a minha irmã mas já dá pra ter uma boa noção de como é ficar "independente". E pra mim foi muito estranho morar na casa de alguém (ainda mais dos meus chefes, digam o que quiserem mas os pais das crianças te contrataram), já tinha meu jeitinho de limpar, organizar, cozinhar. E me julguem: eu não gostei de cuidar das crianças! Eu gostava muito delas, mas era cansativo, cheguei a pensar que era uma pessoa horrorosa por não estar gostando de passar tempo com elas. E isso foi bem dificil, mas acho que estava tentando forçar uma situação que deveria acontecer naturalmente, como pais e filhos. Não me levem a mal elas sabem ser uns amores, mas passar 7/8h por dia montando uma torre de Lego para eles destruirem e falarem: "monta de novo" foi entediante pra mim, a hora não passava.


Isso quando não tinha choro, briga ou "eu não vou fazer isso", "a minha mãe que vai escovar os meus dentes". Sério, quando você fica uma tarde com uma criança isso é ok, mas todos os dias vai esgotando a gente. E eu percebi que eu estava ficando mais estressada do que devia e isso também não iria ajudar a melhorar as crises das crianças. Aí entra outra questão importante da vida de uma au pair: a disciplina das crianças. Logo que decidi fazer mesmo o programa, ganhei um livro ótimo sobre educação infantil e achava que seria A super nanny. Depois fazendo o curso de babá e lendo mais a respeito me toquei que esse não era o meu trabalho. A função da pessoa que toma conta da criança é seguir a linha de disciplina dos pais, até porque se todos não trabalharem juntos como um time isso só deixa a criança mais confusa. Então como proceder se a criança tem um mau comportamento que você vê que só piora com o tipo de disciplina que usam? Eu sabia que não tinha muita chance de melhora e isso foi me deixando ainda mais frustrada. - em um post futuro vou falar mais sobre isso.

Enfim, os motivos foram vários, talvez alguns achem que não fazem sentido, mas hoje não me arrependo da minha decisão. Não me arrependo de ter sido au pair, aprendi muita coisa, e uma delas é que isso é muito legal mas não combina comigo. E que é ok desistir as vezes, pelo menos eu tentei, e complicado seria ter que continuar infeliz com a situação.





terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

The match - parte 2

Eu praticamente não fiz perguntas para a minha família e hoje vejo que estava correndo risco de ter problemas quando chegasse. A verdade é que tive muita sorte, não tenho do que reclamar deles, mas se você vai ser au pair a minha dica é: pergunte e pesquise tudo! Coisas simples como banho, podem causar problemas, dependendo do lugar na Europa não se toma banho todo dia então pergunte se vai poder tomar banho todos os dias, pode ser que eles se incomodem, aí é melhor saber antes. E essa questão das entrevistas foi um aspecto que acho que a agência, por lidar com tantas meninas fazendo o programa, poderia ter ajudado muito mais. Entreviste clientes que estão no país ou que foram au pair antes e tenha um modelo de perguntas que são interessantes de fazer, porque as vezes só quem passou pela experiência se toca de perguntar algumas coisas. E muitas vezes as candidatas não sabem nem por onde começar o questionário.


Separar em tópicos pode ajudar:

* Cidade/localização:
- Vou poder usar o carro/bicicleta? Quando? (horários marcados ou terei livre acesso?)
- Qual é o mercado mais perto da sua casa? Quão perto é?
- Se eu quiser fazer compras, tem algum shopping na região? Existe transporte público para lá?
- Qual é o tamanho da cidade? Se for pequena, qual é a distância até uma cidade maior? Como faço para chegar lá?
- Existe alguma escola de idiomas na região? Eles tem cursos durante todo o ano?
- Eu precisarei levar/buscar as crianças da escola ou algum outro lugar? Poderei usar o carro? Qual é a distância até o lugar?
-> Se te interessar: Tem alguma academia por perto?

* Dia-a-dia
- As crianças vão para a escola/jardim de infância?
- Como serão meus horários de trabalho durante a semana (mesmo que varie, só para ter uma idéia)?
- Sabendo que na Europa em muitos lugares não existe o hábito de tomar banho diariamente, eu vou poder tomar um banho por dia?
- Em que atividades da casa (além de cuidar das crianças) precisarão da minha ajuda?
- O que vocês costumam fazer no final de semana?
- Que horário vocês costumam fazer as refeições?
- O que vocês costumam comer?
- Vocês se importariam se eu fizer a minha própria comida?
- Vou precisar cozinhar para as crianças?
- O banheiro que irei usar será divido com a família?

* Crianças (algumas perguntas não são necessárias caso a sua criança seja um bebê)
- Como é a personalidade de cada criança?
- Do que eles gostam de brincar?
- Eles podem assistir televisão? Tem algum limite de horas?
- Eles já tiveram alguma babá/au pair?
   -> Posso entrar em contato com ela?
- Eles são bem apegados aos pais ou estão acostumados com outras pessoas?
- O que eles sabem fazer sozinhos (banheiro/vestir-se/escovar os dentes)?
- As crianças tem alguma atividade na casa pela qual são responsáveis (ex. arrumar suas camas)?
- Como vocês agem com relação a disciplina deles? Não tem muitas regras? Costumam deixa-los de castigo quando necessário?

E tem ainda várias perguntas que podem ser feitas, a verdade é que eu não perguntei quase nada e acabei dando muita sorte de ter uma ótima família e os pequenos problemas que tivemos conversamos e foi super tranquilo arrumar. Mas o que percebi é que saber o que te espera facilita muito a situação e evita que você tenha que passar pelo temido rematch. Então prepare suas perguntas com antecedência e se dê um tempo para pensar e anotar todas as perguntas que possam parecer importantes pra você, e pergunte tudo que possa parecer remotamente importante. E também pesquise, saiba sobre a cidade que vai morar, pesquise sobre as opções de escola da região, olhe os horários de ônibus que passam perto da sua casa. Procure se informar o máximo que puder para ter menos surpresas desagradáveis.

#ficaadica





quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

The match - parte 1

Uma dica importante para quem vai começar no mundo "au periano" é: não pare a sua vida para isso! O processo demora e não tem porque largar curso/emprego enquanto não tem data para ir. Eu demorei para resolver fechar com a agência, me enrolei por medo do que viria depois. Demorei mais um tempo pra preencher o application, e o que ajudou nessa parte foi separar em micro tarefas, por exemplo: para essa semana vou responder 10 perguntas ou hoje vou escolher 3 fotos, separe da forma que for melhor pra você semana/dia/hora. Mas se sentir que está procrastinando, divida o "bolo" em fatias que você consiga lidar (dica da psicóloga).

Cerca de um mês (pareceu mais tempo) depois de enviar a minha ficha apareceu uma família interessada, teria que cuidar de um menino  de 12 anos com dificuldades de locomoção. Bom, eu havia colocado que tinha interesse em crianças de até 9 anos (então nem deviam me colocar como opção pra eles), porque não tenho experiência com crianças mais velhas e daí já estaria entrando naquela faixa de pré-adolescente. E não me senti capacitada para lidar com a dificuldade de locomoção, enfim, me pareceu que eu não era a pessoa pra essa família. E me senti bem mal de rejeitar eles, até porque responderam dizendo que o menino estava animado com a possibilidade de ter uma au pair para treinar um pouco de espanhol (é, pra todos no Brasil se fala espanhol).


Enfim, umas 3 semanas depois apareceu mais uma família, um menino de 5 anos e outro de 7. Fiquei animada, marcamos uma conversa, no fim o skype não colaborou e não conseguimos conversar. Mas ao organizar outra data a mãe dos meninos me diz que precisava de mim em 2 semanas. Totalmente impossível, eu tinha que avisar no lugar que tava trabalhando e o visto de qualquer jeito demorava mais que isso, me senti pressionada e não tinha como organizar tudo em tão pouco tempo. Ou seja, também não deu certo.

Nisso teve a oportunidade de viajar com o meu namorado pra NY, e segui com aquela idéia de não para a vida, marcamos a passagem para pouco mais de um mês depois e estava animada organizando as coisas para a viagem quando cerca de 2 semanas depois surge mais uma família. E parecia bem promissora, uma menina de 2 anos e um menino de 4. Eu estava tão envolvida ainda com o planejamento da viagem para NY que nem tive muito tempo de preparar as perguntas para a família, conversamos pelo skype, trocamos alguns emails. Gostei muito dessa família, mas agora tinha que ver se eles aceitariam esperar até eu voltar da viagem para NY. E no fim foi mais fácil do que eu achava, eles concordaram sem problema nenhum e agora eu tinha uma família! Uma cidade: Sankt Lorenzen im Murtzal e duas crianças: Alexander e Annika! Voltaria de NY e três semanas depois iria para Áustria...






sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Eu realmente preciso de uma agência?

A verdade é que para ser au pair na europa você não precisa de uma agência (até onde eu sei, nos EUA você precisa ter uma agência para conseguir o visto). Existem vários sites em que você pode se inscrever e se jogar no mercado, simples assim. Eu como sou meio medrosa, segui pelo caminho da agência porque me senti mais segura, quem é ansiosa já pensa: vão me sequestrar, me prender num calabouço, me obrigar a limpar vomito seco de 2 anos atrás ou qualquer coisa do tipo.


Busquei uma agência que já tinha usado e que até então não tinha me decepcionado: CI. E resumindo, paguei pelo serviço mas não vi benefícios. Na hora de ver a documentação para o visto foi algo do tipo: te vira amiga (busque o consulado ou um despachante). E ok, no contrato dizia que eles não se responsabilizavam por isso, mas então o que foi que fizeram? Me colocaram em contato com a agência daqui da Áustria (coisa que eu mesma podia ter feito). Enquanto que a situação do visto não foi fácil, porque aparentemente nem no consulado sabiam dizer ao certo o que eu precisava e eu não tinha uma agência pra me ajudar...

WTF?

No fim, a funcionária do consulado foi super prestativa e me ajudou muito no processo. Mas pra fechar com chave de ouro a situação com a CI, mandei um email pra agência, um dia antes de viajar só pra deixar por escrito que estava tudo certo para viajar e que não tinha pendências. Então recebo um email no dia seguinte (siiim, meu voo saia de curitiba naquela tarde) dizendo que o dia anterior era folga da agente que estava me atendendo e que a organização aqui da Áustria falou que eu precisava de uma carta convite para entrar no país. Oi? Como assim? No fim das contas conseguiram contato com a família e eu recebi a carta a tempo de imprimir e pegar o avião. Mas quem precisa de um stress (a mais) desses no dia da viagem? Resumindo: você precisa de agência para ser au pair na Europa? Pela minha experiência, não precisa não, você vai acabar fazendo tudo sozinha de qualquer jeito.

Au pair amarga







quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Começando do começo

Ok, começamos pelo começo... A verdade é que em algum momento (não lembro bem quando, talvez durante a faculdade?) eu pensei: acho que seria legal ser au pair, e daí foi para: talvez eu devia ser au pair. E parece que daí em diante foi tipo inception, a idéia estava lá e eu queria ser au pair.


A verdade é que eu sempre gostei de crianças, quando era criança o que eu mais gostava era de brincar de boneca. E cuidava como se fosse filha mesmo, levava aonde fosse com a bolsa de fraldas e bebê conforto. Mas nunca tive contato com bebês/crianças de verdade, sempre fui uma das mais novas da família. Foi só em 2008 que tive contato, com a filha de um primo. E meu coração derreteu


Eu e a minha irmã, visitávamos ela praticamente uma vez por semana, e passávamos a tarde com ela. Era muito bom, eu adorava brincar com ela e ver como ela aprendia rápido as coisas. Pra mim era incrível ver como aquela "pessoinha" mudava tanto de uma semana para a outra. Depois conheci meu namorado e na família dele também tinha crianças, mais tarde ganhei mais duas priminhas. E eu sempre gostei de passar tempo com eles, reforçando a minha escolha pelo au pair.

Estava pra me formar, já pensando em logo na sequencia viajar. Inclusive, meu trabalho de conclusão de curso foi um produto para crianças, ou seja foi um ano imersa no mundo deles. No fim das contas, não fui atrás das coisas me formei e estava lá, diploma na mão e nem sequer tinha ido em uma agência ver a questão do intercambio. Passei uns 6 meses no "limbo", tinha que preparar meu currículo e portifólio para poder buscar trabalho, tinha que dar início ao processo do au pair, mas emocionalmente é uma fase complicada, com mudanças e o enfrentamento da vida adulta. Mas depois que as coisas desses 6 mesesas coisas se encaminharam: comecei a trabalhar e fui em uma agência pois estava decidida: seria au pair!